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A alta de juros tornou o cenário mais desafiador para a indústria de fundos imobiliários, mas há oportunidades e o setor deve olhar para as oportunidades de médio e longo prazo, avaliaram os gestores da XP Asset Management em apresentação há pouco no congresso da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).

“A foto que temos hoje é que o ambiente para fundos imobiliários está mais desafiador, sem dúvida. Com os juros altos, tem fuga de ativos listados em Bolsa, como ações e também os fundos imobiliários. A turma acaba fugindo para renda fixa. Mas os fundos imobiliários são mais defensivos”, afirmou o gestor de Fundos Estruturados da XP Asset Management, André Masetti.

Ele ressaltou a deterioração da situação macroeconômica nos últimos meses, com “divulgações cavalares” de inflação, que obrigaram o Banco Central a antecipar a alta dos juros, e um projeto de reforma fiscal em que “o único objetivo do governo não era uma reforma bem feita, mas uma reforma às pressas [...], para liberar recursos para o auxílio emergencial e ajudar na reeleição”. A despeito dessa piora, Masetti lembrou que o aumento dos juros tem como objetivo o controle da inflação, que em algum momento ficará mais baixa.

Ao mesmo tempo, apontou, o mercado de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) continua muito promissor, com potencial de crescimento. “O estoque de CRI está na casa de R$ 100 bilhões. Em dezembro de 2020, estava em R$ 80 bilhões. Ano após ano a indústria vem batendo recorde. Isso nos leva a crer que esse mercado vem evoluindo e tem tudo a evoluir”, disse.

Masetti afirmou que as cotas dos fundos imobiliários já refletem o aumento mais recente dos juros e tendem a se valorizar ao longo do tempo, desde que não haja deterioração do cenário fiscal. “Na minha visão, o mercado já precificou com muito prêmio as cotas dos fundos. Nesses eventos mais recentes, as cotas sofreram ainda mais. Dado que tem muito fundo de tijolo [em ativos reais, como galpões, shoppings e lajes] de qualidade, como investimento de longo prazo, o fundo imobiliário tem espaço. Desde que não tenha um fiscal tão deteriorado, essas cotas tendem a se valorizar no longo prazo”, completou.

Gestor de Fundos Imobiliários de Ativos Reais da XP Asset Management, Pedro Carraz reconhece o desafio do ambiente macroeconômico, mas lembrou que a indústria imobiliária é feita de ciclos, os momentos de estresse geram oportunidades de compra e que o segmento é fundamental para a diversificação das carteiras de investimentos. Não é porque o fundo imobiliário é líquido, que consegue comprar e vender diariamente, é obrigada a vender em momentos de mais estresse.

“O fundo imobiliário continua sendo importante para diversificação de carteira e sobretudo para o longo prazo. Esses momentos geram oportunidades de compras, também recebimento de dividendos mensais”, disse Carraz.

Na sua avaliação, continuam as oportunidades para o setor de galpões – o mais beneficiado na pandemia, pelo avanço do e-commerce -, mas ele também vê potencial nos ativos de shoppings e de lajes industriais, com uma recuperação mais rápida para os de shoppings.

“Nossa visão muito clara é que o setor de shopping vai continuar existindo. A quantidade de área bruta locável é muito adequada ao tamanho do país. Nossos shoppings são muito bem localizados, próximos aos grandes centros de consumo e de renda. E estão muito bem preparados para a concorrência do e-commerce. São centros de serviços, de lazer, de alimentação, de serviços médicos, universidades... Definitivamente os shoppings continuarão com demanda pujante”, defendeu Carraz.

Link da reportagem: https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/09/16/cenario-esta-mais-desafiador-para-fundos-imobiliarios-mas-ha-oportunidades-diz-xp-asset.ghtml